sábado, 11 de outubro de 2008

Oh! Sou o Homem Aranha!!!

Mais um episódio de nossa infância...

Morávamos em uma casa simples de 3 cômodos com um quintalzinho pequenino e um corredor estreito e imenso que dava para uma escadaria repleta de degraus.
Quem vinha da rua e se deparava com aquele corredor, ficava até meio cismado, devido ao comprimento, altura de uns 10 metros e por ser muito escuro. As paredes deste corredor era toda chapiscada, não era lisa como normalmente se faz.
Posso dizer que tínhamos grande criatividade para fazer qualquer coisa se tornar brinquedo ou brincadeira, por pior que fosse. Eis que o Marcopa, criou uma das diversas de nossas opções, resolveu apostar quem conseguiria subir pelas paredes deste corredor e alcançar com as mãos no teto. Não tínhamos noção do perigo que corríamos e lá fomos.
Marcopa disse: -Olha tá chovendo hoje, a Sô disse pra gente que não podemos sair na chuva, e no corredor não chove, então não estaremos na chuva, vamos apostar pra ver quem chega primeiro e alcança o teto, mas tem que colocar as mãos lá em cima.
Concordei, e lá saimos correndo para o corredor, e ele mais do que depressa começa colocando as mãos nas paredes e logo apóia os pés e começa a subir.
Grito logo, que não valeu, pois não contamos até 3, e ele já estava subindo. Logicamente estava bem a frente, e logo conseguiu subir e alcançar o teto e exclama:
"Oh! Sou o Homem Aranha!!! Cheguei primeiro que você!
Então disse a ele, agora que você ganhou, vamos chamar o Rônaldo e vamos ver que vai chegar primeiro dos três, porém em que esperar a contagem regressiva.
Ele concordou e lá fomos chamar o nosso amigo e vizinho Rônaldo.
Iniciamos a brincadeira, estamos os três subindo o corredor, quando de repente...
Nosso pai chegando do serviço, vê a cena e fica bravo e ao mesmo tempo se desespera, pois podíamos cair e se quebrar, então eu que estava na metade do percurso, fui descendo, ralando os braços nas paredes, assim como, o vizinho que pula ao chão. O Marcopa, fica com medo de descer e apanhar, e fica lá em cima esperando. Nosso pai grita pra ele descer, porque senão vai cair e se machucar todo. Imagina o desespero de um pai ou uma mãe que vê o filho de 6 anos a 10 metros do chão, as duas mãos e pés um em cada parede. Vi meu pai jogar a bolsa do serviço no chão e ficar embaixo para amparar o Marcopa de uma possível queda. E olha que danado o menino era, ele só desceu, porque cansou as mãos e os pés estavam escorregando. Naquele dia, ele subiu as escadas tomando umas palmadas do meu pai e ficou de castigo sentado no sofá.

Vai dormir molecada!!!

Anoiteceu, mais um dia terminou e nosso pai diz:
"- Hora de ir dormir, já pra cama os dois!"
E lá íamos, Eu e o Marcopa para o nosso beliche. Ele dormia na parte de baixo e Eu na parte de cima. Deitavamos em nossas camas, e ai começava a conversação.
Marcopa: "-Você viu ? Achei um esconderijo bem legal, da hora, que ninguém vai me encontrar quando a gente for brincar de esconde-esconde amanhã, e ai vou ganhar na brincadeira, você vai ver"
Assim iniciava a nossa conversa na hora de dormir...
Mudavamos de assunto, "Você viu ?O homem do saco passou aqui na rua e..." Sério, eu não vi não e...ouvesse um grito.
"-Vai dormir molecada!" Gritava o meu pai lá da sala.
E nós, blá, blá blá...
"-Olha que vou ai hein, e ai vocês vão dormir rapidinho!"
Blá, blá, blá...
E de repente.
Xiii, o pai vem vindo, vamos dormir, Eu falava para o Marcopa
Nosso pai vinha e falava, mas que tanto tititi ai hein?! Vão dormir já.
Nós ríamos e acabavamos por dormir.
E assim, era praticamente todas as noites

Café com Leite

Todos que tem irmãos mais novos, passam por isso, bom, pelo menos com o pessoal da mesma idade, e da minha época.
Gostávamos de brincar de pega-pega, esconde-esconde e muitas outras brincadeiras. Ocorre que Eu e o Marcopa, temos uma diferença de idade de quase 4 anos, ele sendo mais novo. A molecada de onde morávamos eram todos da minha idade.
Toda vez que íamos brincar junto da molecada da vila, por ele ser o caçula, cochichavamos que ele era café com leite. Nossa, ele ficava muito bravo, dizia que não era café com leite não, e que estava valendo quando corria atrás de nós e gritava "tá com você". E sempre alguém dizia, não valeu, ele é café com leite!
Ele era petitico, e tínhamos medo que ele caísse e se machucasse durante as brincadeiras.
Nosso pai, só deixava que saíssemos para brincar com os demais, somente se os dois estivessem juntos, caso contrario, os dois ficavam em casa mesmo. E sempre dizia, não corre, que era o mesmo que dizer, corram, pois nós não paravamos um segundo sequer.
Como, todas as casas vizinhas possuiam muros bem baixinho, dava pra nosso pai ver e saber onde estavamos brincando, assim como, os demais pais.
No final, ele brincava a valer, caia assim mesmo, chorava, e dali a pouco tornava a brincar, pois era só meu pai ouvir que alguém chorava, e falava "Já pra dentro, os dois!", a molecada toda ficava na espectativa, pois ao passo que um voltava pra casa, todos os outros pais, chamavam os filhos na mesma hora, então o choro cessava e lá estavam todos brincando novamente.

Olhe seu Marquinhos, saia de cima de meu telhados

Vou contar um dos casos ocorridos durante a nossa infância.

Esta era a frase dita por um senhor português, proprietario da casa onde morávamos Eu, Marcopa, também conhecido por Marquinhos, meu pai, e minha madrastra, que não tinha nada de má pra nós.

Marcopa adorava soltar pipa, e como todo moleque que se preze e conhece esta gostosa brincadeira, não ficava para trás. Só que além de soltar, ele também corria atrás junto dos demais moleques da vila em que morávamos. O engraçado disso é que toda vez que algum pipa caia, a maior parte resolvia cair justamente em cima da casa do tal português. E lá ia Marcopa correndo, pulando a janela da madrinha e subindo no telhado do tal português.
E aí escutavamos, "Olhe seu Marquinhos, saia de cima de meu telhados!". Meu irmão ria, e enquanto não pegava o pipa, não saia de cima do telhado. Então, lá ia o portuga em casa contar o que estava havendo para o meu pai e para minha madrastra. E por mais que fosse dito para o Marcopa não subir no tal telhado, não tinha jeito, mais ele subia atrás da pipa. E ainda ficava "remedando" o portuga, ou seja, imitando e caíamos na risada junto da molecada da vila.
Nós achavamos o portuga muito chato, e hoje entendo que ele não queria que o Marquinhos caísse do telhado e se machucasse todo.

Saudades

Como o título diz; saudades.

Sei bem o que é isso, e resolvi expressar o que sinto neste blog, em homenagem a meu querido irmão Marcos Paulo, carinhosamente chamado também por "Marcopa".
Apelido este, dado por mim e meu saudoso pai durante nossa conturbada infância.

É, logo logo, chega o dia 20 de outubro, data esta em que você estaria completando seus 30 anos, e que infelismente não poderá, pois não esta mais conosco. Talvez um dia, seus filhos poderão ler e conhecer um pouquinho mais sobre você, saber sobre sua infância, e será o que farei neste blg criado em sua homenagem.
O menino danadinho, ou como diriam "peste", que nada mais era, do que criança. Uma criança travessa.
Tínhamos nossas brigas, nossas diferenças, mas também éramos unidos, independente dos problemas que tivemos. Sinto sua falta querido irmão, e só espero que a justiça seja feita.